quinta-feira, 22 de julho de 2010

Portugal cada vez mais dependente do exterior para comer

O macaco curioso não deixa de ficar pasmado com o facto de Portugal ser cada vez menos auto-suficiente em matéria de alimentação, algo de tão sensível para a sobrevivência de um povo, sobretudo cereais! Desde a entrada para a CEE e em particular durante os tempos de governação de Cavaco Silva, esse iluminado que "raramente tem dúvidas e nunca se engana", que Portugal baixou as calcinhas à França e à Alemanha (que o apelidaram de "bom aluno") e se dedicou à destruição do sector primário. A troco de quê? A troco de fundos estruturais que em vez de investidos na modernização do sector foram gastos naquelas futilidades que os comuns dos macacos tanto gostam, tipo carroças motorizadas ou macacas.

Para os mais desatentos, comida = energia, e a energia é que põe o mundo (macacos incluídos) a mexer. Se um povo não consegue ser auto-suficiente energicamente, terá sempre a sua autonomia hipotecada. Qualquer país tem obrigação de assegurar as necessidades básicas de subsistência da sua população, acima de qualquer outra prioridade. Basta que venha uma crise qualquer e que os vizinhos fornecedores tenham de parar a exportação por qualquer razão, para atravessarmos um período de fome. De nada serve produzir tecnologias de ponta ou produtos de segunda necessidade se a economia global for afectada. Primeiro come-se, só depois é que se pensa no lazer...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Os sacerdotes e a pedofilia

O organismo humano produz hormonas que nos fazem ter impulsos sexuais, independentemente dos votos de castidade que fazemos. Nem todos os padres são pedófilos, mas a percentagem de escândalos per capita é claramente superior à dos pedófilos fora da Igreja.

O fenómeno é o mesmo que leva os presos a adoptarem hábitos homossexuais ao fim de algum tempo de reclusão. Como se costuma dizer "o hábito faz o monge". O macaco curioso só vê uma solução para lidar com este problema: deixar os padres contrair matrimónio...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Prémo NOBEL = Prémio TANGA

Vem aí a nova temporada dos prémios "Nóbeis"...

O prémio Nobel ganhou prestígio graças a algumas personalidades a quem foi atribuido na primeira metade do século XX (Albert Einstein, Marie Curie, Herman Hess, Martin Luther King Jr., etc.). A partir daí passou a ser o Nobel que começou a dar prestígio a quem o ganhava e não o contrário. Evidentemente, macacos como somos, tornou-se alvo de cobiças e vaidades e hoje já ninguém pode levar aquilo a sério. Há grandes personalidades que morrem injustamente à espera do prémio (tipo Mahatma Gandhi) e outros que até dá vontade de rir por o terem ganho (tipo Henry Kissinger). Na literatura abundam os autores anglófonos e francófonos, em ciência hoje em dia devido à sua complexidade, já não há Einsteins, mas sim grupos de equipas. Nem sei porque é que a NASA não ganhou o prémio de ter posto o primeiro macaco na Lua, outro equívoco. A minha opinião é que este prémio devia ser reciclado noutra coisa qualquer...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Radio Europe vai fechar...

A direcção da Rádio França Internacional (RFI) decidiu encerrar a sua filia portuguesa, a Rádio Europa, antiga Rádio Paris-Lisboa. A ideia de fechar a Rádio Europa já é antiga e recolheu, há um ano, o parecer favorável da Embaixada da França em Portugal, que considera a emissora "sem interesse", segundo disse ao Expresso uma fonte diplomática francesa. Muitos dos seus (poucos) ouvintes insurgem-se contra esta medida acusando o povo português de ser inculto e ignorante.

Este macaco estudou 4 anos em Paris (e viaja frequentemente para outros países) e pode-vos garantir que o insucesso de projectos como este não se devem exclusivamente à ignorância do povo português. Estes projectos fracassam em todo o lado onde não existe massa crítica suficiente. O povo francês (e os demais) é tão ignorante como o nosso (oiçam por exemplo a cheriefm.fr na net e dão-me razão). São é 6 vezes mais do que os portugueses e por isso para cada português esclarecido há 6 franceses esclarecidos (ou seja a audiência da RFI em França é 6 vezes maior do que em Portugal e por isso pode sobreviver). Mas para cada português palerma há também 6 franceses "cons" (basta ver que 25% deles votam na extrema direita de Le Pen). Nos EUA é a mesma coisa só que em vez de multiplicarem por 6, multiplicam por 30 e na China por 130... (de onde é que saiu a Sarah Palin?)

O grande problema dos dias de hoje está na publicidade em doses excessivas (desde os jornais, rádios, televisão, futebol, etc). Para sobreviver é preciso ter dinheiro, para ter dinheiro é preciso ter publicidade, para ter publicidade é preciso ter audiências, para ter audiências há que chegar aos 80% de palermas e por isso passar programas da treta. Este processo é vicioso e quanto mais porcaria passa nos media, mais palermas existem. No dia em que se proibir/condicionar a publicidade acaba o futebol, SICs e TVIs e projectos culturais de alto nível como a RFI podem finalmente vingar e começar a diminuir a percentagem de "cons", que no fundo é o que desejam os mais esclarecidos (mas não os empresários nem os políticos).

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Jacques Brel, já 30 anos!

Jacques Brel morreu faz hoje 30 anos. Grande interprete e grande compositor! Um verdadeiro símbolo do que é ser-se artista de corpo e alma. Vale a pena aprender francês só para compreender as músicas de Brel. Infelizmente nos dias de hoje é difícil encontrar alguém que lhe chegue aos calcanhares. Não vende = não presta, parece ser o mote actual. O velho continente deixou cair os seus artistas de 5 estrelas, e rendeu-se à musica fácil "made in USA". Até no festival da canção já cantam todos em Inglês. Talvez Charles Aznavour seja o último sobrevivente de um tempo em que se valorizava mais a mensagem do que a melodia, mas já tem 84 anos... Por cá o mais parecido que tivemos foi o saudoso Zeca Afonso. O que precisavamos mesmo era de um crash cultural americano (e não financeiro), para que os verdadeiros artistas pudessem novamente surgir. O autor de clássicos como "Ne me quitte pas" ou "Amsterdam" desapareceu há três décadas, mas a sua obra continua bem viva na memória de muitos...

Ne me quitte pas (legendas em Português)

Amsterdam (legendas em Inglês)

Les Vieux (legendas em Inglês)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Ponte Chelas-Montijo-Barreiro

Estando o Montijo e o Barreiro separados apenas por um braço de rio com menos de 2 Km de largura, é caso para perguntar, porque não duas pontes, uma a ligar Chelas/Beato-Montijo e outra bem mais pequena entre Montijo-Barreiro. Se olharmos bem para o mapa vemos que ambas as localidades da margem sul ficam assim bem servidas e os passageiros do novo aeroporto não têm de andar aos zig-zags... Fica um pouco mais caro que a solução de uma só ponte, mas evita os custos de uma 4a ponte num futuro não muito distante...

domingo, 23 de março de 2008

Taça da Liga


O Vitória de Setúbal venceu a primeira edição da Taça da Liga. O Macaco Curioso congratula-se que o vencedor tenha sido um clube diferente dos três que dominam o futebol português, em nome da competitividade que é a alma do desporto.

A Taça da Liga tem tudo para ser uma competição de grande nível, mas os dirigentes desportivos fazem tudo para a estragar. O modelo vigente este ano foi assustador. Para o ano já se anunciam alterações, e embora julgue que vão melhorar um pouco o interesse na prova, continuam a ser péssimas. O que leva espectadores aos estádio é a incerteza do resultado. Assim sendo, uma prova com formato de taça tem sempre mais sucesso que uma prova em formato de campeonato. Um agrupamento de equipas numa fase inicial serve para triar as melhores das piores, mas a partir daí o que se quer é o "mata-mata". Não é por acaso que este é o modelo dos campeonatos da Europa, do Mundo e Liga dos Campeões, que tanto sucesso fazem.

Este ano em vez de meias-finais houve um grupo de 4 equipas: o resultado foi péssimo como se viu. Para o ano já vai haver meias-finais, mas em vez de quartos de final, vai haver novamente fase de grupos. Num grupo de 4 só se vai qualificar o primeiro (e eventualmente o melhor 2º), o que é muito mau para a competitividade: se uma equipa tem o azar de perder o primeiro jogo, fica logo praticamente eliminada. Os restantes 2 jogos a realizar servirão apenas para cumprir calendário...

Vejamos então o modelo ideal para esta prova:

1ª eliminatória: tal como será no próximo ano, as equipas da Liga de Honra defrontam-se entre si em duas mãos. Devem-se aplicar as mesmas regras da UEFA, i.e., um golo fora vale por dois. Em caso de empate no fim dos 90 min., pode haver penaltis sem prolongamento.

2ª eliminatória: os 8 vencedores da 1ª eliminatória defrontam os 8 piores classificados da SuperLiga do ano anterior numa eliminatória a duas mãos com a mesma regra da 1ª eliminatória.

Fase de Grupos: os 8 vencedores anteriores juntam-se aos melhores 8 classificados do ano anterior da SuperLiga e formam 4 grupos de 4. Em cada grupo devem ficar 2 equipas vindas da 2ª eliminatória, 1 equipa da SuperLiga classificada entre o 8º e o 5º lugar e 1 equipa da SuperLiga classificada entre os 4 primeiros (num ano normal isto fará com que os 3 grandes fiquem presentes em grupos diferentes, tal como acontece com os cabeças de série nas competições da UEFA). Nesta fase as equipas defrontam-se apenas uma vez, num total de 3 jogos. Os dois melhores classificados de cada grupo, passam à fase seguinte, num total de 8 equipas.

Quartos-final: o 2º classificado de cada grupo joga com o 1º classificado de outro grupo, sem sorteio, numa eliminatória a duas mãos com as mesmas regras da 1ª e da 2ª eliminatória. Os vencedores dos grupos realizam a 2ª mão em casa, tal como acontece na Champions League. Exemplo:
1: 2ºA vs 1º B
2: 2ºB vs 1º A
3: 2ºC vs 1º D
4: 2ºD vs 1º C

Meias-finais: mais uma eliminatória a duas mãos. Com uma particularidade, não deve haver sorteio. O vencedor do jogo 1 joga com o vencedor do jogo 3 e o vencedor do jogo 2 joga com o vencedor do jogo 4. Isto para evitar que equipas que estiveram no mesmo grupo se voltem a cruzar nas meias-finais.

Final: jogo apenas a uma mão tal como a edição deste ano. Mas com duas diferenças substanciais: se no fim dos 90 min. houver empate, então deve jogar-se um prolongamento de 30 min. Uma final sem um prolongamento não é uma verdadeira final. Nas eliminatórias anteriores estou de acordo que não haja prolongamento, mas não na final. A outra diferença é que o vencedor da Taça da Liga devia ter presença garantida na Taça UEFA do ano seguinte. Esta prova é mais exigente que a Taça de Portugal, se uma dá UEFA a outra também devia dar. Mas atenção, a UEFA é só para o vencedor. Se o vencedor já tiver lugar na UEFA ou na Liga dos Campeões por via do campeonato, o finalista vencido NÃO deve ocupar a vaga em aberto, como acontece actualmente com a Taça de Portugal.

sábado, 22 de março de 2008

Indisciplina nas escolas

O Macaco Curioso tem tentado evitar pronunciar-se sobre o estado actual do ensino português, pois são já demasiadas as vozes que opinam sobre este assunto, sem que daí provenham consequências práticas. Porém, os recentes acontecimentos desta semana, põem a nu muito do que vai mal e obrigam a uma reflexão.

Governo após governo tentam resolver o problema do insucesso escolar em Portugal e parece que as únicas consequências ao fim de tantos anos de democracia é uma vulgarização do papel do professor e um aumento significativo da violência. Procuram-se implementar reformas, modelos mais funcionais, mas todos sabemos que fica tudo na teoria e na prática a situação no terreno vai-se agravando. Parece até que o problema do ensino em Portugal é uma espécie de quadratura do círculo.

A questão que eu aqui gostaria de deixar é a seguinte: porque é que se tenta inventar, quando em Portugal já existe desde há muitos anos um sistema de ensino que funciona bem, onde professores e alunos se respeitam e estes últimos obtêm bom aproveitamento? Estou a falar obviamente do ensino particular. Se este tipo de ensino tem tão bons resultados, porque não se implementa nas escolas públicas o mesmo modelo das escolas particulares? Será por lobby destas instituições privadas? O Macaco Curioso sente-se perfeitamente confortável para opinar sobre este assunto, pois durante a sua infância frequentou até ao final do 6º ano um Colégio da região de Lisboa, seguindo-se uma escola oficial até ao final do 12º ano.

Vejamos então as diferenças:

- Qualidade dos alunos: é falso dizer que os alunos do particular têm pais mais esclarecidos que os ajudam em casa. Obviamente que famílias mais humildes não têm condições para oferecer aos filhos um colégio ou mesmo um explicador, mas também há muito filho de papá rico em escolas oficiais. Por outro lado, nos colégios proliferam ainda filhos de pais divorciados, filhos de pais ausentes (empresários, pilotos e hospedeiras) ou de pais super ocupados (médicos, juízes, etc), que como tal despacham literalmente os filhos para os colégios e assim se demitem das suas funções de educadores.

- Qualidade dos professores: é igualmente totalmente falsa a ideia de que os professores dos colégios são melhores que os das escolas do estado. Os melhores professores com quem tive o prazer de ter aulas (e são vários) foram todos sem excepção durante o período que frequentei a escola oficial. O problema é que os piores também! É frequente os professores dos colégios acumularem a actividade lectiva com uma escola do estado: são mais bem pagos no estado, a progressão na carreira é mais rápida e não correm o risco de ficar desempregados se o colégio fechar. Em consequência disso falta-lhes muitas vezes tempo para acompanhar os alunos devidamente, pensam mais no dinheiro do que na educação dos miúdos, ao contrário do que acontece com os melhores professores exclusivamente do ensino público. A diferença substancial está ao nível dos piores professores. Pessoas sem vocação para ensinar, professores com currículos medíocres ou com problemas pessoais não têm lugar em escolas privadas. Infelizmente proliferam nas públicas, ajudando a denegrir a imagem dos bons professores que lá existem.

- Disciplina: esta é no meu entender a grande diferença entre o ensino público e o privado. No público se um aluno perturbar a aula, o pior que lhe pode acontecer é ser posto na rua. Ora, isso é exactamente o que muitos deles querem: enervar o professor, e sair da aula mais cedo para poder ir para o café ou jogar à bola. Como bónus recebem ainda a admiração e respeito dos colegas por ousarem desafiar os professores. Num colégio não é bem assim: existe um funcionário na escola (em geral um psicólogo de formação), apelidado de chefe da disciplina, cuja única função é gerir e ministrar os castigos apropriados para cada tipo de infracção. Num colégio, um aluno ser posto fora da aula torna-se um pesadelo para ele: o castigo pode variar entre um simples raspanete, passar por umas reguadas, ou culminar em algo de mais grave. Lembro-me que no meu colégio o castigo supremo (para reincidentes) era passarem o fim-de-semana na escola. Em vez de ficarem em casa a ver televisão ou a brincar, os alunos eram obrigados a apresentarem-se no colégio ao Sábado e Domingo para ficarem fechados numa sala de aula com um vigilante e eram obrigados a estudar! Regra geral, passar um único Sábado no colégio era suficiente para que o aluno mostrasse uma melhor conduta na sala de aula a partir daí.

- Regras: para ser chamado ao chefe de disciplina, não era preciso ser posto na rua pelo professor por estar a perturbar uma aula. Há um conjunto de regras pré-establecidas, que a serem infringidas levavam imediatamente a uma penalização. Faltas de material, não trazer os trabalhos de casa feitos ou levar o telemóvel ligado para as aulas são só alguns exemplos. Também nos recreios os alunos têm de cumprir as regras. Agredir ou roubar um colega pode ter como consequência perder um Sábado a estudar no colégio.

- Acompanhamento: outra grande diferença entre o oficial e o particular reside na ocupação dos tempos livres. No ensino público tinha aulas na parte da manhã ou da tarde, sendo o restante tempo ocupado como quisesse. No meu caso ia para casa e tinha actividades desportivas, mas havia muitos colegas meus que ocupavam o tempo livre na "vadiagem". No colégio entrava sempre às 8h e saia às 18h. Ia uma carrinha buscar-me a casa e outra deixar-me lá. As aulas acabavam sempre às 16h30 e até às 18h o tempo era ocupado numa sala de estudo, onde um vigilante nos obrigava a fazer os trabalhos de casa desse dia.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Arthur C. Clark (1917-2008)

O escritor e visionário britânico Arthur C. Clarke morreu hoje no Sri Lanka aos 90 anos, na sequência de complicações respiratórias. Ficou conhecido pelas suas ligações ao mundo da ficção científica e da exploração espacial. É considerado um dos responsáveis pela propagação da ideia dos satélites geoestacionários de comunicações, escreveu muitos artigos de divulgação científica e livros de ficção científica. Foi um dos principais comentadores televisivos americanos da era Apollo.

Mas foi muito mais do que isso. Tal como Júlio Verne, muitas das suas obras anteciparam realmente o futuro. Juntamente com Carl Sagan, Isaac Asimov e Frank Herbert (entre muitos outros), foram os seus livros que levaram muitos jovens a enveredar os seus estudos por áreas ligadas às engenharias, ciências e tecnologias.

A humanidade está de luto. Perdeu um dos seus poucos representantes que se podia considerar já ter feito a evolução a partir do macaco. Era uma espécie de guru para muitas pessoas, um escritor que faz sonhar que é possível construir um mundo melhor para todos, embora poucos tenham tido capacidade para entende-lo... assim como o monolito.

Uma das suas mais famosas frases está escrita em "Perfis do Futuro", um livro que escreveu em 1962: "Quando um distinto mas idoso cientista diz que algo é possível, está provavelmente certo. Quando diz que algo é impossível, está provavelmente errado". Deixa ainda a Fundação Arthur C. Clarke, com o objectivo de estimular o uso da ciência para melhorar a qualidade de vida das pessoas, bem como fomentar a divulgação científica por forma a que todos possam compreender e participar na evolução da humanidade.

Obrigado Arthur.

domingo, 16 de março de 2008

Violência no Tibete

O Tibete foi integrado politicamente na República Popular da China em 1951, pouco depois de os Comunistas liderados por Mao Tse-tung terem ganho a guerra civil contra o exército de Chiang Kai-shek (líder do Kuomintang). Desde então que o governo tibetano no exílio, liderado pelo conhecido Dalai-Lama, reclama o regresso da auto-determinação para o seu povo. Uma situação que se repete infelizmente por vários locais do mundo, tendo nalguns tido desfecho positivo, como Timor-Leste, e noutros impasses permanentes. Mais curioso será talvez fazer uma análise dos locais onde conflitos idênticos tiveram sortes diferentes: trata-se frequentemente de locais sob influência de potências de expressão menor (como por exemplo a Sérvia, a Indonésia ou o Iraque, nos casos do Kosovo, Timor-Leste e Kuwait respectivamente) onde existe um crescente interesse na independência por parte de uma potência de expressão maior (casos dos EUA e da Austrália, nos exemplos anteriores). Para grande azar do Tibete, a potência colonizadora é tão somente a China e como tal está posta de parte qualquer intervenção militar externa para a sua libertação. Talvez o Macaco Curioso se engane, mas enquanto a China não se tornar uma democracia moderna nunca o povo do Tibete poderá aspirar a qualquer tipo de liberdade. Um governo que suprime uma revolta estudantil com um banho de sangue em plena praça principal da capital do país e aos olhos das televisões de todo o mundo, não terá certamente o mínimo dos remorsos em fazer o mesmo aos pacíficos monges budistas do Tibete. Que o governo chinês não oiça todos aqueles que discordam da sua política, é um traço comum a todos os regimes mono-partidários (quer sejam de esquerda ou direita). O que é inconcebível é que organizações internacionais como a ONU assistam a estas e outras poucas vergonhas sem nada fazerem. Até o nosso cantinho à beira-mar plantado se recusa a receber oficialmente o Dalai-Lama com receio de que os interesses económicos dos portugueses possam ser lesados. Então e os interesses dos tibetanos, ninguém se importa com eles? Se a China nos integrasse pela força dentro do seu império e os nossos representantes não fossem recebidos no estrangeiro, que esperanças teríamos? O que pensámos nós do Papa João Paulo II, quando visitou Timor-Leste vindo da Indonésia e não beijou o solo como era hábito fazer sempre que visitava um novo estado? E que dizer dos EUA que invadem o Iraque ou a Sérvia para libertar o Kuwait e o Kosovo, mas nada fazem em relação ao Tibete ou à Tchechénia? Somos um mundo de hipócritas onde vale tudo, inclusivamente tirar olhos. Tal como os macacos, pomos as nossas pretensões territoriais à frente da liberdade dos povos que aí vivem. Auto-nos denominamos civilizados, mas lá no fundo queremos sempre mais poder e poder, e só sustemos a nossa ambição quando atacar o poder do nosso vizinho pode ter como consequência a perda do nosso poder já adquirido. Lá no fundo, dentro de todo o líder político existe uma secreta ambição de líder tribal, que quer ser o dono do mundo inteiro. Só assim o seu ego fica totalmente satisfeito com a ilusão de que é Deus na Terra. Mesmo que a restante humanidade lhe tenha um ódio de morte, só interessa a vaidade pessoal. Se o povo não está consigo a bem, então reprime-se qualquer manifestação de descontentamento com a maior das violências, para se dar o exemplo, para que os outros tenham medo e não ousem manifestar-se. Mas uma repressão violenta é sempre um sinal de fraqueza. É o último dos argumentos quando falha o diálogo. Pode adiar o inevitável, mas ajuda a cimentar o ódio contra o ordenador da repressão.