sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ataques a universidades nos EUA

Algo vai mal pelas terras do Uncle Sam. Na passada semana por cinco vezes um jovem atirou a matar numa universidade norte-americana. Independentemente da questão suscitada pelo livre porte de armas, tanta vez já abordada, acho que se impõe uma reflexão mais profunda sobre este assunto. O que leva um jovem a dirigir-se à universidade para matar e suicidar-se de seguida? Porque é que ele não se dirige antes a um supermercado ou ao metropolitano, como fazem os terroristas? Se o objectivo é matar por matar, claramente uma universidade não é o melhor local. Só posso então compreender estas atitudes como gestos vingativos em relação a algo que a universidade e todos aqueles que a frequentam representam. Talvez seja bom tentar entrar na filosofia de vida americana para melhor compreender esta questão: o chamado sonho americano, amplamente divulgado pelos media, consiste na ideia de que somos donos do nosso destino. Todos aqueles que trabalham têm sucesso, e quem é mau aluno na escola está condenado ao fracasso. Ora, atendendo a que a esmagadora maioria dos autores destes ataques sao jovens com mau aproveitamento, é fácil de concluir que na cabeça de muitos deles a ideia de que vão ser uns zeros durante a vida toda ganha força desde muito cedo. Daí à depressão vai um passo muito pequeno, depressão esta que pode levar ao suicídio, arrastando outras vidas inocentes que são vistas como os males todos do mundo. A televisão e os media em geral têm uma grande quota parte de culpa nestes massacres. Não por incentivarem à violência em certos filmes ou jogos de computador, mas porque passam a toda a hora uma imagem floreada da realidade. As personagens dos filmes de Hollywood são todas ricas, bonitas, inteligentes e dotadas, e todos os seus problemas se resolvem no fim, onde os bons vencem os maus. Nesse aspecto, os filmes europeus e asiáticos são bastante mais realistas...

A propósito do sonho americano recomendo a leitura do livro "A ansiedade do Status" de Alain de Botton.


Cinco tiroteios numa semana:

7 de Fevereiro - uma professora ficou gravemente ferida por balas diante dos seus alunos numa escola primária de Portsmouth, Ohio (Norte dos EUA). O autor do atentado, marido da vítima, suicidou-se após breve fuga.

8 de Fevereiro - uma estudante abriu fogo num instituto técnico em Batom Rouge, Luisiana (Sul), matando duas pessoas antes de se suicidar.

11 de Fevereiro - um estudante do liceu ficou gravemente ferido por bala na cantina da sua escola em Memphis, Tennessee (Sul), por um dos seus colegas, que foi preso.

12 de Fevereiro - um adolescente de 15 anos ficou gravemente ferido diante de cerca de vinte colegas na sala de aula do liceu em Oxnard, Califórnia, por um outro jovem que empreendeu a fuga mas acabou detido. A vítima morreu no dia seguinte.

15 de Fevereiro - um jovem abre fogo no campus de uma universidade do Illinois (Norte), causando cinco mortes e 18 feridos, dos quais quatro em estado grave, antes de se suicidar.

(in Expresso)

Sem comentários: