terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Adeus Fidel

Fidel Castro renunciou hoje à presidência de Cuba. Amado por uns e odiado por outros, é sem dúvida mais uma das personagens que deixou o seu cunho muito pessoal no século XX. Até a sua maneira de sair de cena não deixa de ser original: renuncia na plenitude das suas capacidades intelectuais! Não nos podemos esquecer que Cuba é um país minúsculo, inserido numa região conturbada do globo, não é uma China, uma Rússia, uns EUA ou nem mesmo uma Alemanha. Nada faria prever que um líder de um país assim ganhasse tanto protagonismo internacional. Mas ganhou. Ganhou porque lutou ao lado de Che Guevara. Ganhou porque bateu sempre o pé ao capitalismo americano. Ganhou porque conseguiu resistir ao desabamento da União Soviética. No entanto, os custos de todas estas vitórias tiveram um preço demasiado alto a pagar pelo povo cubano. Apesar de terem educação e saúde ao nível dos países mais desenvolvidos (superando mesmo a Rússia, os EUA e Portugal), o povo cubano vive em grande miséria. O país parece que ficou parado no tempo e as pessoas prostituem-se em troco de nadas. Mas pior do que tudo isso, Fidel ganhou fama por ser um dos últimos ditadores a resistir no ocidente. Impôs durante quase 50 anos a sua visão do mundo a 11 milhões de pessoas, não vendo que muitas delas preferem arriscar a vida em embarcações frágeis para fugir à pátria. A todos aqueles que preferiram ficar e combater as suas ideias, Fidel esteve ao nível dos melhores e reprimiu sempre todos com a pena de morte.

Pessoalmente, o Macaco Pensador reconhece que um mundo não capitalista seria bem melhor para todos vivermos. Nesse aspecto partilha um pouco do sonho de Fidel e acredita mesmo que seja possível encontrar alguns cubanos que vivam felizes com o pouco que têm. No entanto, a opção não consumista deve ser uma opção individual de cada um de nós e não pode ser imposta por terceiros. Representa uma evolução da espécie. No dia em que deixarmos de consumir desenfreadamente vão desmoronar-se os impérios dos bancos, Sonaes, EUAs & Co. Num futuro longínquo, quando começarmos a pensar numa lógica de comunidade (como quando vivíamos em tribos nómadas) e não numa lógica egoísta de promoção individual, talvez o sonho cubano se concretize. Nessa altura sim, deixaremos de ser macacos e passaremos a ser humanos.

Os meus votos para que Cuba se democratize depressa, mas que os cubanos não esqueçam que ser pobre é melhor do que ser pobre de espírito.

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